08/05/2015 18h55
- Atualizado em
08/05/2015 21h03
Estatal pede R$ 298 milhões à Mendes Júnior e R$ 154 milhões à Engevix.
No total, empresa quer recuperar R$ 6,2 bilhões perdidos com corrupção.
A
Petrobras
e o Ministério Público Federal (MPF) ingressaram com uma ação judicial
contra a empreiteira Mendes Júnior, pedindo uma indenização de R$ 298
milhões, parte de uma estratégia para recuperar recursos desviados,
revelou a estatal nesta sexta-feira (8). No último dia 30, a empresa foi
à Justiça contra outra empreiteira, a Engevix, da qual reivindica o
pagamento de quase R$ 154 milhões, a título de ressarcimento. A
petroleira passa a atuar como assistente do MPF.
As duas ações são as primeiras que a Petrobras move contra empreiteiras
envolvidas no esquema investigado pela operação. Outras três ações que
estão sendo preparadas contra as empreiteiras Queiroz Galvão, OAS e
Camargo Corrêa somam R$ 826 milhões, de acordo com a estatal. Os valores
pedidos já incluem multas e reparações por danos morais.
Para a próxima segunda-feira, está previsto o recebimento pela
Petrobras de R$ 157 milhões recuperados do ex-gerente da empresa Pedro
Barusco, que admitiu ter cometido desvios em depoimentos à Justiça por
meio de acordo de delação premiada. Segundo a gerente executiva do
Departamento Jurídico da Petrobras, Taísa Maciel, o dinheiro irá para o
cofre da companhia “imediatamente”.
No total, a Petrobras tenta reaver na Justiça R$ 6,2 bilhões perdidos com corrupção em 2014. Foi este o cálculo divulgado no
balanço auditado da companhia,
divulgado no último dia 22 de abril. O valor foi definido no
demonstrativo como "baixa de gastos adicionais capitalizados
indevidamente".
Conforme declarou à Globo News a gerente executiva do departamento
jurídico da Petrobras, Taísa Maciel, caso a justiça decida aplicar
multas e danos morais pelos atos ilícitos, a petroleira pode conseguir
de volta um valor até maior que os R$ 6,2 bilhões perdidos com as
irregularidades.
Caso a decisão da Justiça seja favorável à Petrobras na ação contra a
Mendes Júnior, poderão pagar o valor cobrado, além da própria empresa, o
diretor vice-presidente executivo Sérgio Cunha Mendes; o diretor de
óleo e gás, Rogério Cunha de Oliveira; o diretor vice-presidente
corporativo, Ângelo Alves Mendes; o representante da Mendes Junior nos
contratos com a Petrobras, Alberto Elisio Vilaça Gomes; o engenheiro da
área operacional de obras e gerente de contratos, José Humberto Cruvinel
Resende; e o ex-diretor de abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto
Costa.
Procurada pelo
G1 na noite desta sexta-feira, a Mendes Junior afirmou que "não tem conhecimento da ação e por isso não irá se manifestar".
No caso da ação contra a Engevix, são responsabilizados a empresa
Jackson Empreendimentos S/A, holding da Engevix; o vice-presidente
Gerson de Melo Almada; os representantes da Engevix em contratos Carlos
Eduardo Strauch Albero, Newton Prado Junior e Luiz Roberto Pereira; e o
ex-diretor de abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa.
Procurada pelo
G1 nesta sexta-feira, a Engevix afirmou que não vai se pronunciar sobre o assunto.
Danos morais e materiais
De acordo com a gerente jurídica da Petrobras, as duas primeiras ações
tentam não só a reparação material, mas também a moral, já que a imagem
da companhia teria sido abalada.
“A Petrobras está tomando todas as medidas necessárias para a integral
reparação dos prejuízos sofridos, inclusive com relação à sua reputação.
Essa medida de hoje se insere num contexto de diversas medidas que têm
esse objetivo, incluindo aí medidas na esfera penal, quando a gente
entrou como assistente de acusação, ao lado do Ministério Público,
administrativas e as medidas civis que são essas das ações de
improbidade”, disse.
Taísa também destacou que, se a Justiça for favorável aos pedidos da
Petrobras, o valor ressarcido poderá ser superior às quantias desviadas.
“Para ter ideia, nessas duas primeiras ações que a Petrobras está
entrando, o pedido é de cerca de R$ 500 milhões. E já está em preparação
o ingresso de mais três ações com o objetivo de obter o ressarcimento
de cerca de R$ 800 milhões. Então, virão ainda outras ações contra
outras empresas e outros contratos à medida que as investigações forem
avançando”.